Na semana passada comprei um campo de botão. Como aqui na Colômbia esse “esporte” - nem sei se podemos classificar como esporte - não existe, tive que comprar por internet e esperar que o mesmo seja entregue na minha casa em Bogotá. Desde então ando como uma criança esperando a chegada do natal. E nessa espera vem muitas recordações.
Comecei a jogar botão, ou futebol de mesa como muitos dizem, com o meu pai e o meu irmão menor, o Marcelo. Jogávamos com aqueles botões tipo “tampinha”, dos mais vagabundos que podem existir. Até então não sabia muito sobre o futebol de mesa. Mais ou menos na 5ª ou 6ª série, lá no Ruizinho, eu conheci o Flavio. E através do Flavio conheci os botões “puxadores”. E viciei.
Logo começaram os campeonatos. Todos os dias pela manha, eu me encontrava com o Flavio na casa dele as 07:00am para escutar os esportes na Radio Progresso e depois seguir para o colégio. Ás vezes, a tentação era muito grande e acabávamos ficando por lá mesmo em um emocionante campeonato de botão. Jogava até o meio dia e depois ia pra casa. Minha mãe nunca saberia que não estive na aula.
Logo depois, começamos a jogar nos fins de semana com o Daniel Krug, irmão do Flavio e em seguida o meu irmão Marcelo começou a jogar também. Nessa fase comecei a melhorar minha técnica e já não perdia tantos jogos como no começo.
Então chegou o auge do futebol de botão na cidade de Ijuí. Conformamos um grupo de 8 jogadores que jogavam toda a semana, sempre a noite: Eu, Marcelo, Daniel Krug, Flavio, Juliano, Daniel Ross, Dirceu e o “Injustooooooooo”... que se não me engano se chamava Gustavo. O injusto perdia todos os jogos, mas sempre alegava que tinha sido o melhor no jogo e que o resultado era injusto.
Os jogos na maioria das vezes eram na minha casa, debaixo da parreira. Colocávamos dois campos para poder jogar dois jogos de maneira simultânea, afinal eramos oito jogadores. Mas também jogamos na garagem do Daniel Ross ou na casa do Dirceu. Tínhamos relógio e arbitragem. Tinha classificação, goleador, estatística e ranking. Que época de ouro. Tempos que não voltam mais.
O Juliano, que naquela época era mais conhecido por “Habacuque” tinha um ponteirinho verde e preto que era um goleador. Ou melhor, era uma praga. Fazia gol de qualquer lugar. Como o time dele era o Corinthians, aquele era o “Neto”. Que praga. Que câncer. E o pior é que ponteirinho igual aquele tinha vários. Mas só o Juliano conseguia fazer gol com eles. Um mistério.
O Daniel sempre foi o mais ladrão. Qualquer lance “duvidoso” ele puxava pro lado dele. E quando o desespero pegava mesmo, nem precisava ser duvidoso o lance. Valia tudo. A “robalheira” corria frouxa. Lembro que chegou a ganhar 5 campeonatos seguidos, com o Grêmio. Mas acho que se tivesse um STJD decente no botão... não teria ganho nem dois.
Sigo esperando meu campo de botão. Mas realmente não sei para que. Como dizia o Tim Maia, “nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia.” Vou ter o campo, os botões, as traves e as bolinhas. Mas hoje o Flavio esta em Campo Bom-RS, o Daniel Krug em Joinvile-SC, o Marcelo em Goiânia-GO, o Juliano em Curitiba-PR, o Daniel Ross em Campo Grande-MT e o Dirceu e o “Injusto” eu não tenho a menor idéia por onde andam. E eu? Eu na Colômbia. E ainda não sei como vim parar aqui.
Reinke
Show de bola...e da lhe futmesa
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