Uma das principais reflexões de minha palestra “Gente Nutritiva” é de que tempo é vida. Quem desperdiça o tempo dos outros, desperdiça a vida dos outros... E conto um caso, veja só:
Um dos projetos que mais satisfação me deu durante minha carreira dirigindo a área de comunicação de uma multinacional, foi a edição de nosso jornal interno, O Pinhão. Quando a edição do jornal foi transferida da área de RH para a minha, tomei uma decisão estratégica: se o jornal era interno, tinha que falar de gente. E se falaria de gente, tinha que mostrar gente. E começamos a fazer com que cada edição fosse repleta de fotos de vários dos mais de 5 mil colaboradores da empresa, sempre com uma atitude positiva, um sorriso, uma imagem de ação. Do jardineiro ao diretor, da cozinheira ao engenheiro, do porteiro ao Presidente. E um dia tive uma idéia: mandar uma cartinha de agradecimento para cada um dos funcionários retratados no jornal, inclusive nas fotos em grupo. Com um bilhete meu! E eram em média 100 a 150 funcionários por edição! Assim que o jornal era publicado minha secretária levantava os nomes dos “contemplados”, imprimia as cartas e trazia para que eu escrevesse o bilhete e assinasse. Depois mandava pelo malote para os líderes de cada setor, que entregavam a carta em mãos para o destinatário. Todo mês era a mesma coisa, a secretária entrava pela porta e colocava sobre minha mesa uma pilha com 150 cartas... Sim, eu fazia questão de que fosse um bilhete de próprio punho com uma assinatura real, não uma cópia impressa.
Aquela singela cartinha com o bilhete assinado pelo diretor causava um impacto imenso nos funcionários. Eles guardavam com carinho, levavam para casa, felizes e orgulhosos.
- Alguém lá em cima lembrou de mim!
Quando a pilha de cartas era colocada em minha mesa, eu parava tudo que estava fazendo, escrevia o bilhete e assinava uma por uma. Em minutos devolvia a pilha para a minha secretária. Mais de uma vez colegas acharam aquilo estranho e perguntaram a razão de eu priorizar as cartas quando tinha coisas “mais importantes para resolver”. E eu respondia:
- Não tenho vocação pra gargalo...
O processo das cartinhas envolvia muita gente e muitos passos: convidar as pessoas, produzir a foto, escolher e editar, publicar, pegar os nomes, montar as cartinhas, assinar e remetê-las. E tudo parava completamente enquanto eu não assinasse as ditas. Eu era o gargalo!
Quem exerce papel de liderança precisa entender que muita gente tem reação rápida, gosta de fazer as coisas logo e de uma vez, aprecia antecipar prazos. Quando tenho gente assim trabalhando comigo, quero ter certeza de que não sou eu o gargalo. Policio-me para dar-lhes atenção imediata quando precisam. Não quero ninguém frustrado esperando por minhas decisões. Prefiro funcionar como um daqueles tratores que tiram as pedras que impedem o caminho, deixando a estrada livre para que as pessoas corram por ela.
Não desperdiçar o tempo dos outros é valorizar a vida dos outros.
Tem gente que chama isso de “eficiência”. Prefiro chamar de respeito.
Luciano Pires
http://www2.lucianopires.com.br/Um dos projetos que mais satisfação me deu durante minha carreira dirigindo a área de comunicação de uma multinacional, foi a edição de nosso jornal interno, O Pinhão. Quando a edição do jornal foi transferida da área de RH para a minha, tomei uma decisão estratégica: se o jornal era interno, tinha que falar de gente. E se falaria de gente, tinha que mostrar gente. E começamos a fazer com que cada edição fosse repleta de fotos de vários dos mais de 5 mil colaboradores da empresa, sempre com uma atitude positiva, um sorriso, uma imagem de ação. Do jardineiro ao diretor, da cozinheira ao engenheiro, do porteiro ao Presidente. E um dia tive uma idéia: mandar uma cartinha de agradecimento para cada um dos funcionários retratados no jornal, inclusive nas fotos em grupo. Com um bilhete meu! E eram em média 100 a 150 funcionários por edição! Assim que o jornal era publicado minha secretária levantava os nomes dos “contemplados”, imprimia as cartas e trazia para que eu escrevesse o bilhete e assinasse. Depois mandava pelo malote para os líderes de cada setor, que entregavam a carta em mãos para o destinatário. Todo mês era a mesma coisa, a secretária entrava pela porta e colocava sobre minha mesa uma pilha com 150 cartas... Sim, eu fazia questão de que fosse um bilhete de próprio punho com uma assinatura real, não uma cópia impressa.
Aquela singela cartinha com o bilhete assinado pelo diretor causava um impacto imenso nos funcionários. Eles guardavam com carinho, levavam para casa, felizes e orgulhosos.
- Alguém lá em cima lembrou de mim!
Quando a pilha de cartas era colocada em minha mesa, eu parava tudo que estava fazendo, escrevia o bilhete e assinava uma por uma. Em minutos devolvia a pilha para a minha secretária. Mais de uma vez colegas acharam aquilo estranho e perguntaram a razão de eu priorizar as cartas quando tinha coisas “mais importantes para resolver”. E eu respondia:
- Não tenho vocação pra gargalo...
O processo das cartinhas envolvia muita gente e muitos passos: convidar as pessoas, produzir a foto, escolher e editar, publicar, pegar os nomes, montar as cartinhas, assinar e remetê-las. E tudo parava completamente enquanto eu não assinasse as ditas. Eu era o gargalo!
Quem exerce papel de liderança precisa entender que muita gente tem reação rápida, gosta de fazer as coisas logo e de uma vez, aprecia antecipar prazos. Quando tenho gente assim trabalhando comigo, quero ter certeza de que não sou eu o gargalo. Policio-me para dar-lhes atenção imediata quando precisam. Não quero ninguém frustrado esperando por minhas decisões. Prefiro funcionar como um daqueles tratores que tiram as pedras que impedem o caminho, deixando a estrada livre para que as pessoas corram por ela.
Não desperdiçar o tempo dos outros é valorizar a vida dos outros.
Tem gente que chama isso de “eficiência”. Prefiro chamar de respeito.
Luciano Pires
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